terça-feira, 19 de agosto de 2008

Flogose XXII

"What do I do to make you want me What do I got to do to be heard what do I say when it's all over And sorry seems to be the hardest word" É triste. A aurora é triste. Quando nos deparamos com a aurora e só temos a solidão para sentir o que devemos fazer? Há coisas que não podemos consertar e por isso é tão difícil pensar no que devemos fazer, na hora em que devemos fazer. Projeto-me sobre as cordas envelhecidas e oxidadas dum violão sem som. E nele componho algo que diz sobre a tristeza, que tão bem a aurora revela. As cores cintilam e o som é inaudível, como o alto-mar de quem nunca navegou no asfalto do risco das palavras. A sutileza das coisas está na importância que ela poderia ter tido, quando não mais a temos. É assim que as cordas choram. Elas falam e lacrimejam sobre os dedos feridos do pesaroso destino, quando o destino não mais é essêncial para o deslinde das coisas da vida. Ouço-as - as cordas - ressoarem cantigas sobre o ressentimento, enquanto a aurora serpenteia o céu, já sem cor: Plantam em meu rosal amor-perfeito-bravo... Orquídeas e jasmins... Plantam flor, plantam cravo... Para oferecer pro meu amor! De quem sou escravo. 'Ninhos cantando! Em flor a terra toda! O vento despencando os rosais, sacudindo o arvoredo...' Chora-me, amor, um meu segredo. Diz-me: sua dor é meu desejo, como o açucar de seu beijo. "O que eu tenho que fazer para você se importar?" "O que eu tenho que fazer para que você me queira?" Duas perguntas. Duas adagas nascidas em minh'alma. Regadas a auroras. Aurora! Que mais me resta? Somos apenas eu e o ... Ah! quem dera o som tibioso das cordas chorosas pudessem me cantar cada pensamento, cada sofrimento. Quem dera! - Oh! sol. Oh! lua. Quem dera se minha fosse a boca sua. Este é último verso da canção que as cordas sem som tocaram. Ouvi-o e para quê? Minhas perguntas continuarão a se perpetuarem nos rosais onde meus amores-perfeitos-bravos estão plantados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário