segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Fevereiro18

Anos atrás, num dia de verão,
despontava uma mensagem
de curta e tenra abordagem,
sobre a vida, amor e solidão.

Texto curto do dia-a-dia sensível,
de momentos e horas agradáveis,
prazeres infinitivos e saudáveis
além de desejos de vida aprazível.

Palavras de vida e eternidade,
que não sucumbem a prazo,
nem esmorecem a saudade,

palavras que fluem no acaso
e felicitam toda nova felicidade
de ser amado sem atraso!

domingo, 9 de agosto de 2020

Soneto para um herói

É integro, austero, feliz
seguro, vaidoso, prudente
amoroso, herói, sorridente
sério, professor e aprendiz.

É educado, leal, transigente
corajoso, elegante, solidário
otimista, hábil, visionário
cômico, gentil e eficiente.

É bom, generoso, paritário,
jovem, aventureiro, sonhador
forte, altruísta, gregário

É símbolo, ídolo, amor,
verdadeiro, sábio, hilário
e é meu pai, meu criador.

domingo, 19 de julho de 2020

Decomposição

Quis, quando ainda perdido, encontrar
o que em mim não perdido estava,
mas desencontrado desmanchava,
perecendo o que havia de acabar.

Um tanto fracionado e desconcebido,
era tanto mais estéril e desmembrado
que nada desconcertava concentrado,
desaparecendo o que havia perdido.

Quanto mais revolvia, mais danificava,
mais concebia, mais notava purificação
mais perecia, mais perdia, mais fatiava,

e mais, e mais, e mais... decomposição.
Perdendo tudo, e tudo já se extraviava,
pois não há que se perder a perdição.

Mundo de Possibilidades

Sob a escuridão fulgente
que o imo dorido sustenta
[e a imagem pueril afugenta
a vida se esvai (docemente).

Tudo quanto pode é decadente,
e o mundo de possibilidades
é estéril. É dor. Fatalidades
que mais adoecem o doente.

Eis a enfadonha adversidade
que é viver em dois santuários,
[além da tormentosa realidade...

onde o gozo da possibilidade
é contido pelos mortuários...
dos sonhos antirefratários.

Joie de vivre

Espalha-se pela relva o odor,
a opulência, a inanimação
do que jamais fez-se ação,
no relativismo vil e incolor.

Há-de se falar em gustação,
da servil juventude decaída,
cuja morte é serva da vida,
e a vida é retalho-extinção!

Gustação que não há, Adão!
É tudo perversão indevida,
castigo ao bondoso-coração,

pretérito verbo sem saída,
para além da mera negação
do “não-deve” viver a vida!

segunda-feira, 16 de março de 2020

Deus

Eu que já estive em mundos
perdidos e desencontrados
deste universo de moribundos
me pergunto: cadê os recados?

Não os vi, mas deveria.
Ah! se deveria. Muito.
Além de qualquer letargia,
sem promessa ou intuito.

Deveria ser um sinal,
nada que pudesse subestimar.
Um sinal. Um oi. Banal.

Demonstração do amar,
como quando se diz, afinal:
Aquiete, ligo quando chegar.