sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Flogose XII - Parte I

Era um dia de sol. A luz entrou pelas frestas da janela de um quarto de pisos brancos e de coloração rósea. Havia um silêncio habitual, que minutos depois seria quebrado por um choro magnífico e doce. A voz aguda balançou a harmonia do silêncio, mas a felicidade que o choro trouxe acompanhou-se de lágrimas, que desciam pelos olhos de um senhor – que ansioso – esperava o prêmio em seus rijos braços. O sol criava nuances junto ao choro jovial. Um brilho inexplicável atingia o piso mádido daquele quarto fausto. Aquele sol emprestava, sem cerimônias, seu brilho fulgural àquela alma gentil e doce que agradecia com lágrimas estreiantes a divindade de ver o mundo colorido, como nunca houvera sido. Era o primeiro dia. O primeiro choro. A primeira vez que a estrela de luz magnificente sentia os braços quentes e acolhedores do mundo. Anos se passaram depois disso, alguns anos. O brilho que o sol emprestou, agora era invejado por este astro solitário, que não conseguiu, nem em seu próprio nascimento, ter um brilhantismo tão alentado e deleitoso. Hoje aquele pequenino astro brilha o dia em que o mundo lhe conheceu e ofusca profusamente todas as outras luzes do universo. Como se esperado fosse, assim como o dia do primeiro desabrochar desta rosa de sublimes pétalas – aquele dia de inverno ensolarado e choroso –, chega o dia da saudade. E lhes digo que não é esta uma saudade normal ou tardia, mas uma saudade que nasce antes e cresce antes, antes do querer crescer ou nascer. É uma saudade agradável, que convalida o sentimento de grandeza deste astro que nasceu para brilhar tão mais intenso que qualquer outro existente.

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