sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Flogose XIX

O preludio de um outro dia. O sol queima o chão como faz sempre, nesta região maltratada. Até as árvores, que já foram robusta e fartamente verdes, já não possuem o vigor de outrora, pois o marrom e palidez de seus corpos diz que estão tristes. Caminho até a margem do rio e lá me deixo por horas na esperança de observar algo além do sadismo natural, mas volto aos meus aposentos sem que a tristeza tenha ido. No rio as coisas não são muito diferentes. Lá encontro a vida subaquatica lutando com seu habitat. Encontro algumas vezes outras vidas saindo de seu universo para buscar saúde acima dele. Caminho pelo cinza, mas não vou tão longe. Acosto-me sobre alguma árvore e vejo a vida transuente. O barulho e o movimento. O som e a agitação exacerbada. Hoje isso é praticamente tudo que se encontra aos arredores, com exceção das madrugadas que espantam, as vezes, pela falta de ruídos grotescos e inexpressíveis. Se há algo que defina a vida urbana é, com certeza, o barulho. Este, talvez, é diferencial mais nítido. Mesmo porque a falta de natureza já tem se espalhou por todos os cantos como uma epidemia. Espero que venha logo outra estação e leve consigo esta natureza morta que há por toda parte. Assim, quem sabe, o céu resolva florir-se também.

Nenhum comentário:

Postar um comentário