segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Flogose VIII

Enfim a chuva cai. E cai por todo um dia. Tudo parece mais vivo depois do banho desse soro natural. Junto a chuva um vento frio corre pelo ar e faz o corpo tremer como as varas verdes estendidas ao vento. Além da naturalidade destes dias de chuva, em que tudo é mais limpo, mais puro há outros fenomenos que admiro com igual intensidade (a chuva em si é o fenomeno mais belo, talvez, de todos que eu possa descrever). Todavia, gosto tanto mais do reflexo dos objetos nas poças d'água que da propria chuva (é impossível mensurar, mas gosto minimamente mais das poças). Há uma beleza incontestável na água que resta nas poças. Até o céu, este imenso ser, cabe nelas. É ali - nas poças - que o ser e a alma se perdem junto ao céu, escuro e misterioso, de uma noite sem lua e de nuvens laranja-cinzenta. Solidão (não no sentido ruim) é o que a chuva me recorda. É um sentimento que alimenta a alma com prazeres únicos, singulares e que só podem individualmente serem sentidos. Tudo isso é efeito da água mágica.

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