quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Flogose XXXVIII

Como as coisas são estranhas, pensava o homem parado num ponto de onibus da rua Sete, enquanto sentia a garoa extremamente fria e dolorosa. É estranho como as coisas mudam e não se nota. Como as pessoas vão e vem, aparentemente, sem destino pela garoa e pela tempestade de frio que cobre as luzes alaranjadas dos postes sem fios. Os carros parados esperando as luzes vermelhas transformarem-se em verdes, pouco atentos às ocorrências no exterior do carro. No interior, contudo, o som selvagens do Muse eleva a ânsia de carregar o acelerador e sentir o pneu queimar a sorumbática e fria rua sete. Sete também foram os minutos que o homem pensou sobre todas estas estranhezas antes de o onibus aparecer. Como tudo o mais na rua sete, o homem estava desatento. Dirigiu-se ao ônibus, e por coincidência talvez ou não, foi no primeiro degraus do ônibus que o sétimo passo foi dado... O ônibus possuia os degrais de um ferro, que estavam sujos e lamacentos, assim como boa parte do ônibus... Soprou um vento forte e no mesmo intante ouviu o homem um trecho de "hysteria" e nesse momento de desatenção o homem tentou apoiar o pé para colocar o outro por sobre o sétimo passo e primeiro degrau. O sétimo passageiro, que pela fila indiana se via, havia corrido para embarcar. O homem, descuidade, escorregou e caiu do ônibus batento com a cabeça numa das pedras-base do ponto-de-ônibus, onde ao lado estava o sétimo passageiro. Conseguiu sussurar sete palavras e sete também foram as vezes que os olhos dele piscou. No sétimo minuto após o infeliz tombo o homem perdeu o vigor. Era o sétimo dia do mês, do sétimo ano, após o segundo milênio. Ouviu-se sete pessoas dizerem a palavras estranho. Não mais estranho é o fato de que o homem após sete dias voltava ao mesmo ponto-de-ônibus, às sete horas da noite e embarcava o ônibus número sete. E foi, precisamente, após sete minutos, de que havia entrado no ônibus, que um aneurisma lhe ceifou a vida, no sétimo banco...

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