quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As horas

Eram as horas que o incomodavam. Eram aqueles ponteiros e aqueles barulhos. Era o tempo e as lunações. O grande e imaterial tempo, principalmente. Ele - mais do que qualquer outra pessoa - se sentia um prisioneiro do tempo. Sentia medo daquele sentimento do movimento de um corpo em relação a outro. Era como se a quarta dimensão fosse um monstro, e para ele não deixava de ser. Pavoroso! Pensou em fugir para uma quinta dimensão ou, simplesmente, anular a quarta e ficar com as três que tanto apreciava. Era impossível. O tic-tac eram duas marteladas consecutivas em sua existência. Resolveu, porém, entender o tempo como uma ilusão, assim o fez. Continuava sendo medonho, porém o medo advinha do fictício. A única coisa que ele desconhecia era que os seus batimentos cardíacos desafiavam a ilusão, pois batiam um silêncioso e mortal tic-tac.

Nenhum comentário:

Postar um comentário