Falo, ouço, perturbo,
ninguém, ninguém.
Toco a campainha,
ouço passos no sótão,
ouço gritos, e grito.
Ninguém me ouve!
A percepção de mim
não é audível!
Passo os passos,
volto e revolto,
sigo e contorço.
Ninguém me ouve!
Ninguém ouve.
Ninguém.
Fico, e sacrifico,
vejo os ninguéns,
ninguém olha!
Ninguém me ouve!
Os ninguéns tomam
conta de tudo.
Por todo canto há
ninguém calado e
ninguém surdo.
Ninguém me ouve!
Ainda assim eu
ouço, e aboreço.
Ando os sete cantos,
apedrejo ninguém,
ninguém se importa.
Ninguém me ouve!
Tudo transcorre
como se no vertíce.
No vertíce de ninguém,
e ninguém se preocupa,
e o nada toma conta.
Ninguém me ouve!
Entristeço e clamo
por rendição.
Outro engano,
ninguém quer ver,
e os olhos ardem.
Ninguém me ouve!
Desmorona o céu,
e rogo pragas.
A vida acaba,
e ninguém me ouve,
e me amargo.
Ninguém me ouve!
Não ouve ninguém,
não houve.
Restam os ecos,
do ninguém disse,
e ninguém ouviu.
Ninguém me ouve!
Me calo, sou ninguém.
Já não me ouço.
Até que ponto somos alguém ou mais um mero ninguém?
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