sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Castelo de areia.

O sol respingava pelas frestas do céu, enquanto a vida flutuava no horinzonte espesso. O mar ressoava em ondas tênues, de tênues passos de uma dança irregular. A areia da praia - desabitada - era marcada por pensamentos que se arrastavam para dentro da angústia construída pela solidão intacta das sombras. Dessas sombras se eregiu o castelo de areia. Um castelo de areia de sombras.

E se fez o forte e as torres. Os muros e as alas. Os corredores e as passagens. Fez-se janelas por onde a sombra perpassava. Portas, porém, não se construiu. Os castelos de areia de sombras não tinham espaço para portas, tampouco para as pontes arquitetadas.

O forte e as torres eram ocos. Os muros e as alas sinuosos. Os corredores e as passagens esburacados. As janelas continham cortinas de sombra. Das portas houveram só o desejo rabiscado nos muros areia de sombra.

O Castelo estava pronto. Por fora um lindo castelo de areia. Por dentro um singelo castelo de sombras.

Chegou o vento. Soprou o castelo de areia de sombras. Tirou lascas e lascas do exterior, mas o castelo mostrava-se imponente. A intensidade aumentava, mas as sombras não cediam. O vento se foi, e o castelo de areia continuou em pé sem rechadura alguma.

Veio então o mar. Uma onda corpulenta fora cuspida do mar. O castelo de areia cedeu. Tornou-se novamente apenas areia. Areia molhada e fria. Fria como a angústia que era escrita pelas marcas de outrora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário