domingo, 14 de setembro de 2008

Flogose XLVIII

Sinto uma estranheza nos ambientes, para não falar em todos! Uma estranheza sutil, mas desconfortante. Como ondas macilentas de alguma coisa invisível e devastadora. Sinto-me como numa máquina de lavar, rodando e rodando. O mais estranho de tudo é aparentemente não existe um motivo nisso tudo, as coisas estão acontecendo e a gravidade esmagando como um pé a uma lata de cerveja velha e vazia. Neste exato momento eu sinto que poderia escrever sobre qualquer coisa, qualquer mesmo, mas contraditoriamente nada me vem à cabeça. Poderia plantar sentimentos e creio que não nasceriam nem daninhas ali ou cá, embora o momento fosse perfeito para o cultivo e crescimento de tais sentimentos. Estar-me-ia forjando um sentimento de bem-aventurança, neste exato momento, um crescer mais que crescer. Um estado de estar sem estar. Uma viagem para dentro dos glóbulos e nódulos dos meus instintos mais vorazes. Estou, talvez, para além da cúpula do nada. É isso. Ouços os tiques e taques de uns tiques nervosos que não tenho. Os cucos da aurora brilham no escuro, como se profanassem contra a escuridão numa batalha de insolventes. Uma contrastação de nada, vento e inspiração da falta de inspiração. De noite e quedas de arrebóis, num mar de chamas derretidas e neve ardente. O colapso dos sentimentos não nascidos. O transbordar de inflamações mentais. Uma noite seca e sem alma. O resto de um resto!

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