quarta-feira, 19 de março de 2025

Paz & Liberdade

Não há paz,
nem liberdade...
em qualquer mundo
em que meus irmãos
dependam de caridade
para não morrer de
FOME
e ter direito a moradia,
trabalho e alimentação.

Não há paz,
nem liberdade...
em qualquer mundo
em que todos nós
não sejamos donos de tudo,
e tudo não seja nosso
e para nós.

Não há paz,
nem liberdade...
em qualquer mundo
cujo valor principal
não seja a emancipação
de todos e cada um
todo dia, e até sempre.

Não há paz,
nem liberdade...
em qualquer mundo
que trata nossa existência
todo santo dia
como mercadoria.

Não há paz,
nem liberdade...
em qualquer mundo
cujo princípio essencial
seja a exploração
do homem pelo homem
até final.

União

Ah! angústia e tédio e medo,
Até ontem quem éramos?
Até ontem quem fomos?
Por que guardamos segredo?

Fugia do céu, do inferno
da ambição e da desgraça...
Dir-te-ei: apenas disfarça...
Disfarça esse teu terno.

Qual o porquê? Ninguém via!
Ninguém ouvia a lamentação,
nem o rogo. Ninguém sabia

dessa refletida sofreguidão
de viver a dormente e tardia
vontade de igualdade e união.

Poluição

Desconcertei-me ilhado em mim.
Sinto restos, dejetos e desejos,
falhas e  fragmentos, como azulejos
caídos do teto do meu jardim.

Coberto de desvario e completo.
Incompleto. Incompleto de dor...
Incompleto das poeiras do rancor!
Incompleto, e dos sentidos repleto.

Cego e com os olhos em dimensão.
Cego de tudo! Cego de atrocidade;
Do cheiro que reluz a iluminação

no ralo da escuridão de puridade,
onde busco amor em cada novidade,
e só encontro vasta e tenra poluição.