Hoje eu queria poder dizer o que não sei; Falar aos ouvidos dela Coisas que agradam só a ela. Dizer que sinto o que sinto, Que sou puro amor e minto. Hoje eu queria poder dizer sem piedade; Dizer tudo o que acho que sei; Proferir elogios ou só “cansei”; Pensar em coisas vãs que vão E esquecer que esquecer é tradição. Hoje eu só queria poder falar sem medo; Falar, talvez, do mundo poético, Do amante de amores cético; Falar que só existe tudo e nada, E que já encontrei coisa na estrada. Hoje eu queria poder falar do desentendido; Do infinito: treva ignorada, aquário rico; Da ilusão bela, forte e imprudente, Que é tudo na vida de muita gente, Que sempre vai, enquanto eu fico. Hoje eu só queria poder falar, e falar, e falar... De coisas desconexas, da qual não sei. Talvez de sonhos que nunca terei, Ou talvez do mundo que desconheço, Em que acordo, vivo e sempre padeço.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Hoje...
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