quinta-feira, 26 de março de 2009

Desappear

Quarta-Feira, 25 de março de 2009. 22:56.

Há uma calma que eu ainda não alcancei; Eu gastei metade da vida imaginando o que viria em seguida; Eu usei o telescópio; Eu ganharei finalmente; Eu ganharei o prêmio finalmente que agora meus olhos vêem; Um gibi é o perfeito tempo comprimido; Eu sou o líder lutando com tudo; A força esmagadora da memória apagando tudo que eu fui; O ponto de sumiço aparece. DISAPPEAR - R.E.M.

O mundo sempre é pequeno quando não conseguimos nos esconder. Disperso e, ao mesmo tempo, me sinto convertido em um tipo de energia que atrai tudo que esta em volta. É estranho e complexo. Sou como um buraco negro: indefinido. Dou-me conta de que todos os dias acordo num universo totalmente alheio ao que vivo. As cortinas cor laranja. As lâmpadas dos postes atravessando o vidro da janela e a cortina. A sensação de estranhamento. Há sempre um vazio lá fora. Um espaço recheado de luzes sem vida! Luzes amarelas que ofuscam os olhos perdidos em meio à imensidão do nada e o céu escuro e sem estrelas.

Desapareço! Perco-me e não acho. Sento num dos degraus da escada e penetro a imagem de solidão que as telas naturais formam em minha mente. As pinturas são desbotadas! Através daquela cortina e janela está a vida cotidiana. Desapareço! Nas noites a solidão cobre o quarto escuro. A escuridão profunda e caótica ambienta-me ao mundo que jamais tive. O mundo jamais me teve. Ambos não existimos, pois a existência desaparece quando as luzes naturais se acendem a cada manhã.

terça-feira, 24 de março de 2009

Sonhos...

(Às margens da sanidade) Uma luz atravessava a fresta fria e crua da janela. Não eram raios de sol, como acontecia todas a manhãs de verão. O raio de sol atravessava as frestas da janela e aquecia a face mádida. Aquela luz, ao contrário, era alva e brilhava intensamente, sem, contudo, aquecer, como se... como se...? (não sabia dizer!) (Sonho) Sabia que estava sonhando, mas não entendia nada do sonho. A luz ofuscava os olhos, que agora tentavam se abrir. Entrevia-se uma silhueta, aforme. A silhueta escondeu a luz. A sombra então tomou forma. A forma linda e casta de uma mulher. (Metafísica) Mulher estava nua! Os cabelos serpenteavam os braços e o busto. Os lábios desnudos, os olhos firmes e penetrantes. Apenas a luz cobria aquele corpo. A própria luz - ou falta dela - que vestiam o corpo da mulher. A imagem divinal do corpo da mulher cintivala entre as trevas, que tentavam escondê-la. Os olhos, entretanto, já se haviam perdido há tempos naquela sagrada imagem. Podia, inclusive, ver a silhueta da mulher na retina, pois estava ali gravada. Muitas das coisas que tinham significado, não tinham mais. Outras ganharam significado. A existência se tornara necessária. E se soube, naquele momento que a existência de um homem se devia à uma mulher e que só por ela se chegaria a Deus. Nenhuma religião era tão poderosa quanto a ligação íntima havida entre dois corpos que se queimam no fogo da paixão. (o único segredo) Justos consigo são os que se cegam para verem, nas profundezas do mundo, a única beleza: A mulher. O mundo era tão insignificante, e ao mesmo tempo tão glorioso. Só sabem dessa verdade os que reconhecem a mulher como o tesouro mais precioso. E são nos modos, nos comportamentos, nas personalidades que vemos que elas são a única e verdadeira religão a qual se pode chegar plenamente a Deus. (loucura) Voltou do sonho renovado. Adepto de uma nova religião. A religião mulher. Olhava para as mulheres com extrema devoção. Como se os olhos lessem nas curvas e formas de das mulheres orações ou mantras tântricos. Extasiava-se ao olhá-las. Restaurou-se! (vida) Dali por diante, amou a todas as mulheres que existiam. Sucumbia à beleza delas, e as pagava com a mais pura e divinal paixão. Amou-as como ninguém, pois era o jeito mais fácil de se aproximar de Deus.