quarta-feira, 30 de julho de 2008

Flogose III

29 de julho de 2008. Que dia! Que dia! Se alguém me perguntasse porque assim estou, diria, sem sombra de duvidas, que por ti meu sol de cada dia, ainda que teu brilho não tenha sido o mesmo de sempre. Oh! Sol como brilhaste lindamente hoje. E como sua companhia foi fabulosa. As flores pareciam chorar de alegria à sua presença. Queria eu poder ter ouvido “uns versos” enquanto te fazia companhia... E como se não bastasse o dia, que de tão lindo chegou a enojar, crepúsculo soube tão magnificamente, senão apoteoticamente, fechar as paginas de uma pulcra poesia natural. Mas não foi o dia, mas a noite que aguçou os instintos romanescos que habitavam o corpo... A lua, Oh! Belíssima Lua mostrou-se divina. Que contraste havia entre o preto e o branco. Que circulo perfeito. Que perfeição. Um sorriso perdeu-se em meus lábios por horas, e eu apenas a admirar aquela lua que, de modo audaz, soube me tirar todas as palavras... Gloriosa seria o mínimo que poderia dizer desta estrela brilhante de sorriso lindo e alvo. O manto negro que lhe cobria parte do corpo não poderia ser mais excitante. A lua numa pequena parte cintilava, como louça nova. Uma beleza nunca vista, nem sentida... Tal foi a cena que, senão pela distância, haveria agarrado-a e despido-a do manto negro, pois havia uma paixão entre meu cosmo e o brilho da lua. As horas passam e voam. E ainda vejo a lua suspensa. Quero-a e como a quero. Será ela um dia minha, só minha? Penso. Espero que seja! Espero. 20 h. Uma tempestade noturna. Não apenas são sórdidos os pensamentos, mas chegam a ser cruéis e nefastos. Voltando para dezesseis horas antes. Meu entendimento sobre paixão e ódio já é melhor do que foi. Já entendo também que há possibilidade de coexistirem estes sentimentos num só coração ou mente. Talvez pelo fato de alguém ter dito que a vida é melhor quando vivida, e que as vezes as pessoas se comportam estranhamente, mas só as vezes, como se não buscassem a felicidade. Em partes é aceitável o pronunciamento, mas não sei se é conclusivo. Pois todos, em algum ponto, vivem para/por algum propósitos, uns no campo ativo outros no campo omissivo, mas os propósitos são incontestáveis. Há muito tempo atrás fiz uns olhos brilharem, como um piso branco recém polido. Havia graça nos olhos conversadores e simpatia, alguém disse – e isso é o que todo mundo quer dizer e sentir. Adoráveis tardes, noites e madrugadas a fio... Um mundo depositado numa caixa branca e, em vezes, azulada. Nasciam os dias findavam as noites e tudo era o que deveria ter sido, uma especialidade da casa. Como se pudéssemos pedir a La Carte pelos tipos de sentimentos que queríamos sentir e na realidade os tínhamos todos os dias servidos à mesa, como numa utopia em que voamos sem asas e nadamos por horas sem respirar. Como em todo bom roteiro, a vida não seria menos bela, nem menos improvisada. E as utopias que antes eram mares de rosas vermelhas, agora já não o são. Um dito popular reza que “tudo que é bom dura o essencial” e não era pra menos nesse roteiro realista. Sem dar contas do que aconteceu, outrora, fui perdendo tudo o que havia construído. Edifícios de pensamentos construídos agora caem sob meus pés e eu – quem sou eu nisso tudo – apenas observava admirado os escombros. De inicio pareceu um teste, um árduo e passageiro teste. Contudo, o tempo desgastou tudo. Não havia teste. Era uma atuação autêntica, um astro e uma estrela, ambos na mesma cena – uma contracena magnífica, digna de tragédias gregas – discutindo sobre o peso do tempo nos ombros. Paixão e ódio. Esse era o enredo. E a peça – que não tinha público – era aplaudida, sabe-se Deus por quem. Paixão e ódio, sim! Eu os conheci aquele depois este. Os dois flamejantes. Bebi de ambos e de ambos gostei... Ninguém dirá que não há semelhanças entre a paixão e o ódio, pois ambos aproximam as pessoas... Ambos fisgam os pensamentos e faz-nos pensar perdidamente por horas e horas, cada qual na sua trama particular. Ainda que não seja segredo que todo sentimento crie uma ligação entre os protagonistas. Um discurso sobre a paixão seria perfeito para complementar um discurso sobre o ódio. Um discurso curto, tipo: a paixão é o ódio sem raiva, cuja criação dependente de um fogo brando onde os elementos pessoais possam se misturar e ligar-se inseparavelmente. Dependo sua estabilidade da manutenção dos estados físicos iniciais. (Ou coisas do tipo. Axiomas sem um profundo estudo sobre os temas). Não estou preparado para isso, realmente não estou. 22 horas e 49 minutos. Volto a pensar na madrugada... Vem a mente uma coisa (um pensamento), escrevo: Era madrugada quando as palavras ásperas começaram a jorrar das mãos longínquas e arrefecidas pelo clima noturno – os pensamentos sobre paixão e ódio parecem grudados em minhas falanges agora – havia uma estranheza no ar, uma estranheza anormal, muito anormal, no ambiente. A lua suspensa no céu (esconde-se novamente) e o céu suspenso em meus olhos pétreos. E como as estações e as mudanças lunares são estas fases de ódio e paixão. Repentinamente muda-se a fase. Uma termina outra começa. Novamente um ar de paixão, mas muito mais frio que o d’antanho. Paro de escrever. Já não há espaço para pensamentos passionais. Redijo um outro pensamento, a contra-senso da consciência, que desperta, de uma hibernação longa, idéias empoeiradas, cujo teor é incerto. Todavia, o tempo escasso já o é também. Assim como qualquer pensamento passional... - Para onde fui? Para onde? Fiquei muito tempo aqui e aqui e aqui e aqui também... E ainda é inverno, me diz a noite.

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