quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Fruto

Eis-me como um fruto,
que completamente amadurecido,
desprende-se d'onde nascido,
e cai... no sofrer arguto.

E cai, por que deve cair,
aprendendo com o desabamento.
Revivendo a dor e o termento,
que é sentir-se emergir.

E fruta d'uma árvore celestial,
que, para tornar-se madura,
deve abandonar o umbilical

galho teso que lhe segura,
pois amarelar é sempre vital,
para seguir a curta aventura.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

É tarde

É tarde, e ninguém vê o sol.
É tarde, e nada resplandece.
É tarde, e se sabe... adoece.
É tarde, e nada n'um arrebol.

É sempre tarde, esqueceu!
É sempre tarde, que mania.
É sempre tarde, vai... espia...
É sempre tarde, escureceu.

É tarde demais, não vá atrás!
É tarde demais, já se encerrou.
É tarde demais, tanto faz.

É tarde rapaz, o tempo passou,
É tarde rapaz, a vida acabou,
É tarde rapaz, que "aqui jaz"...

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Superlativos

Desmontava abstratos alheios,
princípios em plumas pruridas,
Recordações, terras túmidas,
enleios, enleios, enleios...

Recôndito numa imensidão
de tudo e nada... e mais além.
Ora doce... argúcia refém,
Ora acre... juízo perdição.

Tudo, e tudo, e tudo... Alguém?
Verbo indefeso, ileso, teso...
Aqui, onde chove e cerzem,

Bocejos, numa boca de sobejo,
que não é... bem, não é bem...
é consequência, mérito e pejo.

Tardecências

Calo-me diante do trovão,
é tarde e não, não vou além.
Calo-me diante do amém,
e fico aquém da perdição.

É tarde, clamo à escuridão,
pueril saudação, um réquiem.
Recorto detalhe do além...
(é tarde, meu bem) é prisão.

Recalcitrâncias e martírio,
vozes d'uma alma, medo.
É tarde... dorme-segredo

É tarde... flui o lírio
da matilha qual rochedo
que brilha num delírio.