segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Noite

Tirou do bolso um maço surrado de cigarros. Bateu-o contra a mão oposta até que um cigarro saltasse ao maço. Tomou um cigarro pela boca, e deixou cair o maço em seu colo. O cigarro aguardava o fogo. Ele estava disperso olhando o horizonte. O alaranjamento devorava o céu azul, e ao mesmo tempo era devorado pelo negrume da noite. Parecia ser uma decisão difícil. Ele pegou o esqueiro no bolso da calça, mas não tirou a mão do bolso. Deixou-a lá, inerte, como que se dela fosse a responsabilidade. Tudo alaranjou, depois enegreceu. Quando a noite caiu, ele fumou, e esperou que o céu caísse sobre si, mas era o si sendo maior que o céu.