quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hoje...

Hoje eu queria poder dizer o que não sei;
         Falar aos ouvidos dela
         Coisas que agradam só a ela.
         Dizer que sinto o que sinto,
         Que sou puro amor e minto.

Hoje eu queria poder dizer sem piedade;
         Dizer tudo o que acho que sei;
         Proferir elogios ou só “cansei”;
         Pensar em coisas vãs que vão
         E esquecer que esquecer é tradição.

Hoje eu só queria poder falar sem medo;
         Falar, talvez, do mundo poético,
         Do amante de amores cético;
         Falar que só existe tudo e nada,
         E que já encontrei coisa na estrada.

Hoje eu queria poder falar do desentendido;
         Do infinito: treva ignorada, aquário rico;
         Da ilusão bela, forte e imprudente,
         Que é tudo na vida de muita gente,
         Que sempre vai, enquanto eu fico.

Hoje eu só queria poder falar, e falar, e falar...
         De coisas desconexas, da qual não sei.
         Talvez de sonhos que nunca terei,
         Ou talvez do mundo que desconheço,
         Em que acordo, vivo e sempre padeço.