quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ninguém é imperfeito por querer!

Ninguém é imperfeito por querer, me disseram. Pensei nisso por horas, dias, semanas... Parecia racional pensar que a imperfeição não é algo voluntário; mas ao mesmo tempo não era tão crível assim. Por que então que a imperfeição é involuntária? Parece-me por que ninguém - em regra - vive para ser imperfeito, ao contrário disso buscamos sempre nos melhorar - e isso, às vezes, não passa de ideologia barata de venda.

A ideologia da perfeição é um mecanismo de controle muito eficaz, por meio dele algumas instituições conseguem obter vários resultados que lhes satisfazem. E quem não deseja ser perfeito? Quem não deseja ser o melhor entre os melhores?

Realmente ninguém é imperfeito por querer, justamente por que ocupa-se todo o tempo buscado o oposto disso: A perfeição. Nos ensinaram que o imperfeito é feio, e que o feio não é bom, e o que não é bom não é coisa de Deus.

Ser imperfeito e querer sê-lo é uma virtude? Admitir a imperfeição é admitir que existem limitações. Entretanto limitações existem para serem quebradas, por que o que se busca - neste mundo humano - é a perfeição. E a perfeição - todos sabem - é uma coisa que sempre está mais longe do que realmente parece, e quando alguém tê-la pego nota que não passava de uma miragem.

No fim das contas descobrimos que realmente "ninguém é imperfeito por querer", justamente por que a idéia de perfeito está ligado ao bem.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Do que se não deve pensar!

[321 DC]
Encontrava-me em um estado em que tudo era mais que imaginável. Qualquer coisa, quer fosse real ou não. As idéias pareciam, a partir desse modelo de pensamento, liquidos em recipientes que eu mesmo criava. Elas - as idéias - tomavam a forma do recipiente e fluiam entre um recipiente e outro tomado vários tipos de forma. Porém, de um tempo pra cá começo a questionar as razões pelas quais a imaginação não parece simples conjuntura, mas situações que tem - se bem pensadas - podem se tornar reais.

Achei-me louco, não louco-louco. Entretanto um tanto quanto insensato. Até por que tudo quanto eu aprendo e aprendi refuta essa idéia. Será que invadiu-me um demônio maligno capaz de fazer com que perca minha sanidade? É bem provável, os demônios são bem disso. Eles consomem a mente das pessoas fazendo-as ficarem loucas com os pensamentos disconexos. No entanto, isso tudo de imaginação me parece tão real.

Abandonei todos os pensamentos, porém eles não me abandonaram. Neste instante estou sentado - encostado à parede da catedral -, pois a hora não me permite entrar e pedir a Deus que me oriente.

Um pensamento mais maligno, porém, também me recorre nesta hora. Penso que preciso açoitar-me até que a vida me seja escassa. Foi isso que aprendemos, e só assim posso expurgar qualquer mal.

Nesse instante, porém, começo a pensar: será que o mal é uma força identica à do bem? Com sentido inverso? Será que o mal é injusto e o bem justo? Será que açoitar-me é justo e bom? Enquanto divagar é injusto e mal? Será que foi o demônio maligno que me fez imaginar? Ou será que foi Deus quem me fez assim? Será o castigo bom? Será o castigo uma forma de volver-me aos preceitos dívinos? Serei eu uma criatura de Deus? Se não for devo me importar com a bondade? O que sou, senão isso que sou? Para que servem estes pensamentos? Os pensamentos, que não em Deus, são injustos e malignos?

Abandonei-me por dias aos questionamentos, mas não movi-me um centímetro de onde houvera sentado. Fiquei lá, com os olhos fixos em nada apenas pensando. Foi então que a guarda imperial me viu - imundo e mal-cheiroso. Tentou contato, mas - ainda compenetrado nos pensamentos - não falei-lhes uma palavra sequer que tivesse sentido. Tido fui por endemoniado, e antes que pudesse justificar qualquer estado encontrei-me com a morte num último banho.