quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Existência

Num átimo tornei-me teu; Cativou-me o olhar, cegou-me os sentidos; Fez-me novo, entre a explosão. Senti-me renascido; vencido; perdido... Caído em teus enleios de amor. Eu quem sou? Eu quem? Sou o fogo que arde em tua voz, e a voz que ecoa em tua alma. Tua alma ardente, e a ardência que és tu. Sou tudo que tu és, e sem ti nada sou. Sem ti nada é, sem ti nada existe!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As horas

Eram as horas que o incomodavam. Eram aqueles ponteiros e aqueles barulhos. Era o tempo e as lunações. O grande e imaterial tempo, principalmente. Ele - mais do que qualquer outra pessoa - se sentia um prisioneiro do tempo. Sentia medo daquele sentimento do movimento de um corpo em relação a outro. Era como se a quarta dimensão fosse um monstro, e para ele não deixava de ser. Pavoroso! Pensou em fugir para uma quinta dimensão ou, simplesmente, anular a quarta e ficar com as três que tanto apreciava. Era impossível. O tic-tac eram duas marteladas consecutivas em sua existência. Resolveu, porém, entender o tempo como uma ilusão, assim o fez. Continuava sendo medonho, porém o medo advinha do fictício. A única coisa que ele desconhecia era que os seus batimentos cardíacos desafiavam a ilusão, pois batiam um silêncioso e mortal tic-tac.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pedaços

Por quê não podemos, simplesmente, guardar uns sentimentos no bolso para usá-los quando quisermos? Usá-los de forma desmedida e desmoderada? Ter o poder, por exemplo, de dar amor a quem temos ódio mortal. Dar carinho a quem precisa de carinho. Oferecer, a quem sempre pede, orgulho. Ternura... Seria bom? Ruim? Essa miscelânea de sentimentos é o que nos faz humanos? Será? Eu, no fim das contas, queria ter um bolso. Dobraria cada sentimento e guardaria nele para usá-los de forma mais racional. Para testar cada sentimento! Por que, sendo humano, a única coisa que aprendi foi a deteriorar. Hoje faço isso bem, deterioro tudo, inclusive sentimentos!