sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ninguém!

Ninguém me ouve!
Falo, ouço, perturbo,
ninguém, ninguém.

Toco a campainha,
ouço passos no sótão,
ouço gritos, e grito.

Ninguém me ouve!
A percepção de mim
não é audível!

Passo os passos,
volto e revolto,
sigo e contorço.

Ninguém me ouve!
Ninguém ouve.
Ninguém.

Fico, e sacrifico,
vejo os ninguéns,
ninguém olha!

Ninguém me ouve!
Os ninguéns tomam
conta de tudo.

Por todo canto há
ninguém calado e
ninguém surdo.

Ninguém me ouve!
Ainda assim eu
ouço, e aboreço.

Ando os sete cantos,
apedrejo ninguém,
ninguém se importa.

Ninguém me ouve!
Tudo transcorre
como se no vertíce.

No vertíce de ninguém,
e ninguém se preocupa,
e o nada toma conta.

Ninguém me ouve!
Entristeço e clamo
por rendição.

Outro engano,
ninguém quer ver,
e os olhos ardem.

Ninguém me ouve!
Desmorona o céu,
e rogo pragas.

A vida acaba,
e ninguém me ouve,
e me amargo.

Ninguém me ouve!
Não ouve ninguém,
não houve.

Restam os ecos,
do ninguém disse,
e ninguém ouviu.

Ninguém me ouve!
Me calo, sou ninguém.
Já não me ouço.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O ser.

Pensei saber quem sou,
porém - e há um porém -
a gente é tudo que vem
de tudo que não ficou.

É deveras importante,
pois, ser-se alguém
do preço de um vintém,
do valor d'um diamante.