quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lembranças

Já não lembro. Já não lembro o que representa esse vento frio e casto que assola. Já não lembro das noites de verão, em que a vida era uma taça de vinho e muitas palavras sem destino. Hoje é tudo diferente.

Hoje a luz transpassa a vida, e vida se extingue como se não houvesse aparecido. Astutas são as libélulas que voam, e quando menos esperam caem, sem nem saberem o porquê. Vivem intensamente, viajando em cada pedaço verde de terra, em cada sentimento oblíquo que renasce e revigora... e vive em sua (meta)felicidade, carecendo apenas de suas asas para sentir-se bem.

Já não lembro o que é voar. Já não lembro o que me dizem as libélulas. Já não lembro como a noite é travessa, e como é atravessar o sentimento que atravessa a noite. Já não lembro quase nada, e já não quero lembrar, pois quanto mais lembro... mais penso como é já não lembrar, apenas.