quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lembranças

Já não lembro. Já não lembro o que representa esse vento frio e casto que assola. Já não lembro das noites de verão, em que a vida era uma taça de vinho e muitas palavras sem destino. Hoje é tudo diferente.

Hoje a luz transpassa a vida, e vida se extingue como se não houvesse aparecido. Astutas são as libélulas que voam, e quando menos esperam caem, sem nem saberem o porquê. Vivem intensamente, viajando em cada pedaço verde de terra, em cada sentimento oblíquo que renasce e revigora... e vive em sua (meta)felicidade, carecendo apenas de suas asas para sentir-se bem.

Já não lembro o que é voar. Já não lembro o que me dizem as libélulas. Já não lembro como a noite é travessa, e como é atravessar o sentimento que atravessa a noite. Já não lembro quase nada, e já não quero lembrar, pois quanto mais lembro... mais penso como é já não lembrar, apenas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O invisível


Disfarço-me tão bem de
                Humano:
   que chegam a duvidar
   desta autenticidade.
          Quão profano!

Sou invisível perante a 
           Sociotropia.
      Um poste queimado
da qual maldizem e cospem
jurando ira a meu fado.

Hei-me vento nas encostas
    da mente tumultuada!
Carrego-me a todo canto,
 mas não vêem, não vêem
                  [NADA!

BEM-VINDO,
          Cortesia de vendedor.
Eu me arrasto; Mudo pelos cantos.
  Mudo ninguém vê, 
                   mudo ninguém
                         -Sente.

Vive-se como sem alma, auSente!
Vaga-se no passado, no futuro
  [sendo-se sombra da sombra
      vaga-se longe;
           vaga-se no Presente!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Para mudar com mudanças.

 
Cortei meus cabelos
        e continuei
        sendo menos
   eu do que jamais
         fui!

Os cabelos, disseram-me,
crescem; e eu para onde
         irei?

    Já não posso ser
maior que este anseio
de cortar os cabelos;
  Eu já não sei,
se cabelos, se corte!

 Mudei os cabelos!
 Mudei os tamanhos.
 Mudei, apenas mudei!
nesta acabada mudança
    se me estranho;
[mudo tudo,
   e não muda nada.

Continuo
   [o mesmo
 inTacto de sempre!
   [indiferente.

Cortei meus cabelos
 para mudar
 tudo o que era.
Os cabelos longos
 se foram! Foram!
  [e com eles
 todos meus eus.

Hoje não tenho eu,
 e os cabelos curtos
 não representam
mais que uma imagem
 [insólita
         uma tela
deste eu que (NUNCA)
                Fui!

Cortei os cabelos,
  e aqueles cabelos
       [hoje curtos
  me encurtaram!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sentido!

A noite cai e sinto um desejo incontrolável de ouvir sua voz. Ouvir-te dizer que o dia foi duro, e que amanhã tudo será melhor! Ouvir sua voz aguda a sussurar-me que sentiu minha falta, e eu a dizer-te que daria tudo para te abraçar nesse exato momento. A noite corre céu a dentro, a lua corta o horizonte... as estrelas brilham intensamente, e brilham como pérolas... Só não brilham mais, não são mais intensas, que os gritos que ecoam do horizonte de mim! Se me rasgares, pois, o peito há de encontrar vosso nome esculpido em cada minusculo pedaço do meu coração.

As horas voam, e voam os pensamentos na exata amplitude daquela. E a única coisa que se ouve nessas ondas internas são meus desejos de sua voz. Penso-te, e procuro sua voz em cada som que ouço. Procuro suas palavras em cada sopro. Procuro-te em cada sol, e choro-te em cada lua. Convalesço com a noite que destoa de mim na mesma proporção que te clamo.

Sinto um aperto no peito;
Um desalento me consome;
As flores, o céu, as nuvens esparsas;
Tudo me lembra o teu nome.
Tudo me lembra as tuas falas.

Que sentimento é este que me corrompe à noite, e me faz desfalecer. Sentir-me embriagado de tal modo que nada há que possa me abater ou me alegrar. Por que me sinto tão fora de mim? Por que me sinto tão perto de ti? Já não vejo sentido nos sentidos; Minhas razões padeceram, quando teus olhos encontraram-se aos meus.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pensamentos...

Tudo me falta, nesse instante;
Sinto uma latência no peito,
uma lembrança daquele jeito
teu de olhar-me com ternura,
fazendo-me beber tua brandura...
E esquecer-se-me ofegante.

Cada pensamento que se me dura,
eclode-se na noite infante!
Como pomares de sentimentos
a exorar à alma doce e pura,
que traga a distinta amante
para onde sopram os ventos.

Se não bastassem os tormentos,
e as súplicas silentes da alma...
Ninguém me vêem, nem os ventos.
Ninguém me vê, nem a calma!
Penoso, clamo-na aos pensamentos,
pois assim meu tormento acalma.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Eu, obsoleto!

Trago-me no crepúsculo onde fumaça é penitência de um eu sem mim. Sei já não o modo pela qual vivo; embora viver seja algo que o pensar não atribua ritmo, pois do contrário viveria mais que qualquer outro.

Sinto-me perdido, embora não me perca há muito tempo. Navejo entre sóis, mirras de fogo, anzóis [...] afogo! Queimo-me nos presságios que não tenho;

Ondas macilentas de confusão atravessam-me como uma tempestade e seus sopros violentíssimos e devastadores. Arrasto-me! Arrasto-me como se arrastam os micros! Arrasto-me por dentre ossos e almas caídas! Arrasto-me nos dias, arrasto-me nas vidas. Eu já não me sou útil, eu já não me sou meu.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Poema do amor ao meio.

Quisera eu poder ser visto
nos castanhos olhos dela.
Quisera eu!
O mundo seria mais pleno,
e plenos seríamos eu e ela.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mudar

Simplesmente temos que mudar. Reformular tudo! Apagar o que escrevemos e começar tudo de novo. Dar asas à vontade que diz para jogarmos tudo para o alto, e mudarmos o rumo das coisas. Aliviar a inquietação com inúmeras pernas, que movem-se desordenadas.

Arriscar! Nada mais justo que arriscar. Quando a necessidade fala por si, precisamos mesmo mudar a conjuntura falida, e rabiscar novos horinzontes! Sair em busca de um céu, qual não se sabe onde está; D'uma chuva que não precipita...

Apagar o que escrevemos, e começar tudo de novo [sobre as marcas].

sábado, 4 de julho de 2009

Anoitecer...

Eis que a noite tornou-se o meu mais improvável escudo. Defendo-me de mim, quando não penso em ser o que não fui jamais. Passo noites em claro e o anoitecer me fere; Sinto-me composto. Mil grilhões me cercam e a noite é a única coisa que me liberta dos sopros de fatalidades. Sou menos eu ultimamente, que em mil anos. E ainda sim sou mais eu. Anoitece e me perco na escuridão do dia. Tudo corrompe, tudo é corruptível. Anoitece outra vez e não já não tenho nada, senão o fulgor dos machados que caem do céu, às miríades.

Ademais, tudo que me anoitece não é próprio de mim. Ou serei eu que não sou próprio de nada? Anoitece novamente, e me acabo neste abismo de mim. Neste fim, do que nunca começou.

Só anoitece, e nada acontece! Sou menos um na somatória dimituta da madrugada. O copo vázio se enche de escuridão. Só me resto no anoitecer, da qual, se quer, fui parte um dia.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tentativa e erro...

A única verdade é aquela na qual queremos acreditar. Quando somos nutridos por elementos - não essenciais - de qualquer coisa a atmosfera torna-se tão densa e corruptível que não conseguimos compreender outros fatores que poderiam modificar as condições da então atmosfera.

Os fatos passados - também conhecido como experiências - normamente servem de base para anasilarmos os fatos presentes e futuros. Nossas experiências passadas realmente servem de base para as situações presentes e futuras?

Quem se deixa envolver totalmente pela experiência (fatos passados), peca. Quem não se envolve, também peca. Há sempre algo de novo nas coisas. Há sempre algum sofrimento há ser re-experimento.

Nem sempre as pessoas fazem o que dizem que estão a fazer. E essas pessoas acabam pagando pelos erros não cometidos, e isso parece fazer parte da vida atualmente... Ainda mais quando os fatos passados demonstram que erramos.

Somos compelidos a ser um alguém, às vezes, que não somos... apenas por não conseguirmos asseverar que não somos. No fim das contas, consertar as coisas é muito mais difícil do que esperávamos que fosse. Assim como é muito difícil indentificar pessoas, pois não compreendemos o que as levam a não serem o que são, ou a serem o que não são.

Temos, por fim, uma imagem soturna e complexa da qual não compreendemos, mas punimos de qualquer modo.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

I tell you i'm in danger.

De súbito ressuscitei de mim. Os olhos viram!

                 Sentiram...

                 Palpitaram!

Frente

ao caos estava a vista. Árvores postas em mosaico.

    Da pálida e sudorenta vidraça

                o sol propalava

                    segredos.

Correnteza de aço.

        Rio de pedra.

            Pedaço. Uma imagem no reflexo.

                    Quão desconexo.

    Prematura inundação. Custosas massas heterogêneas,

        arrastando-se, como vales lacrimais,

                    pela física.

De súbito adormeci.

    Calculei-me mal. Nunca fui eu! Nunca fui.

            O reflexo de árvore em agonia,

                era a única realidade.

                    Enquanto, os

forros brancos,

    cobriam o teto da mente, já sem

                    ilusão;

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Desabamentos, desmoranamentos e tédio...

As chuvas passam pela cidades, pelo mundo. É uma rotina. Sempre houveram chuvas, sempre! Os desmoranamentos e desabametos são consequências. As consequências, por sua vez, podem ser amenizadas, já que cabe ao ser humano se antecipar a tais ciclos naturais. A vida depende dessas "previsões" ( embora as previsões sejam um modo ingênuo de ver situações que irão acontecer, quer queiramos ou não! ). As coisas desmoranam, desabam... é um ciclo inevitável. Conquanto, seja tedioso imaginar que em algum lugar do tempo as coisas desmoranarão ou desabarão, é-nos impossível evitá-las. Tudo, um dia, há de desabar, pois as chuvas virão. Ver coisas desabadas e desmoranadas é um tédio, uma vez que demonstra nossa falta de controle sobre determinadas coisas. Será isso que nos torna tão humanos? Será a falta de controle que nos torna humanos ou somos humanos por não termos controle? Tédio. Vemos desmoronamentos e ouvimos-los, e a única coisa em que penso é que tudo poderia cessar. O mundo poderia se paralisar por alguns instantes para analisarmos a beleza que um desmoronamento causa à natureza humana. O tédio é não termos este tempo. Continuamos a ouvir as vozes que não cessam, e os desmoranamentos que não findam. Não sinto pesar pelos desmoronamentos e desabamentos, mas pelas voz que o relata.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Em algum lugar de lugar nenhum!

Estar num lugar e, ao mesmo tempo, estar em lugar nenhum não é uma sensação agradável. A mente, muitas vezes, nos leva para cantos onde não queremos estar. As ocasiões, as situações, as circunstâncias... O tempo, a vida... Estar e não estar. Ser e não ser! Todavia, temos de estar ali, por alguma razão. Devemos estar. Enfrentamos nossas vontades, e elas nos enfrentam. E apenas estamos, no fim das contas. Nos adequamos e não nos sentimos tão mal por estar, ainda que a permanência seja desagradável. Aceitamos as conjunturas, enquanto olhamos pela janela. E através dela vemos o que não queriamos ver, o que não queriamos sentir, ouvir, perceber... É tudo estranho. Começamos a pensar no que somos nesse contexto. O que representamos para todo o resto e, finalmente, se o resto importa alguma coisa. Sentimos que queremos voltar. Queremos o "status quo"! A vida como era... O mundo nosso, o nosso! Olhamos pela janela novamente e estamos em algum lugar de lugar nenhum, e compreendemos que as coisas não mudaram, de imediato, apenas pelo nosso querer. Compreendemos que temos que fazer coisas que não são da nossa vontade, já que, as vezes, nem a vontade é nossa. Somos pedaços de um universo em movimento, e o movimento somos nós. Não paramos, pois somos empurrados pelo tempo para algum lugar. E novamente, apenas estamos. Não importa onde, quando ou como... só estamos. Percebemos isso e a janela parece confortar de algum modo nosso estar, pois ela separa quem somos do que precisamos ser.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O garçom

Essa é a estória do garçom que não foi trabalhar; e que bêbado caiu logo no bar; onde justamente trabalhava; embora dinheiro muito não ganhasse; costumava ter muita classe; com o povo que por lá rodava;

Deparou-se – o garçom – com um chato home; que dessabido o nome; falava-lhe de sua dor; cornuda dor de amor; a qual havia sofrido; e lembrou-se daquele homem pelo ouvido; o chato corno que chorava a mulher no bar travessão; corno maior só mesmo o Tião; que saia pro outro entrar; isso tudo conversa de bar; mas o garçom arredio; olhou o homem num arrepio; e neste hora se zangou; e – sem muitas delongas – ao home falou; na batida do frevo; o que agora transcrevo:

A vida é um ciclo estranho
Ontem eu penico era;
Ouvia tudo; Dispusera
A ser ouvinte, sem ganho!

Vós com Vossas estórias cornudas;
A cachaça a varrer o chão;
E eu vos vendo feito truão,
Chorar dores das mais ossudas;

Hoje não me importa tua desgraça;
Bebe, ô pulha dos infernos,
Estes que são dissabores eternos,
No gole frio e queimante da cachaça;

E digo mais: ô saco de estrume,
Tu és um merda de um corno,
E não há álcool a tal transtorno
Nem que lhe diminua o volume.

E melhor que tenha muito cuidado,
Por que nessas veredas sombrias,
Aos cifres não se deve ter apatias,
Pois quem não é corno, é veado.

E como puta não é vosso fado,
Pois a anatomia não quis assim,
É melhor ser corno, por fim,
Do que lhe condenarem veado.

Sabe mais o quê, ô chumbado,
Grande amor é ter na veia,
O que no mundo tem de areia,
Pra conquistar qualquer olhado.

Agora que tudo está bem falado;
Tua lamuria não é minha obrigação,
Nem farei cera a tua podridão,
Já que a fortuna tua é ser galhado.

Digo-lhe, por fim, ô bebum coitado
Não de ouvido a esta alma pobre
Por que pra garçom ninguém é nobre
E em boteco só dá corno, puta e veado.

Como não havia mais o que falar; o garçom, sem muito cuidado; procurou pelo próximo coitado; a quem iria esculhambar; e, como sorte de pobre dura pouco; o outro foi o maior sufoco; pois não em corno não se fazia; Era, tão só, uma baita de uma tia; com pé de grandalhão; e o menor não foi o supetão; que levou o pobre garçom; e como a sina de pobre não dá arrego; o homem pobre, bêbedo e garçom perdeu o diabo do emprego.

sábado, 18 de abril de 2009

Coincidência

Estranho como as coincidências parecem nutrir nossa vida. A relevância destas coincidências não parecem fazer diferença no instante em que acontecem, mas, depois de muito tempo, começamos a entender como funcionam. E só nos resta lembranças. As coincidências são lembranças - de certo modo - que insistem em acontecer, quando não esperamos que aconteçam. E só entendemos por quê aconteceram depois de algum tempo. Tenho tentado coincidir as coisas que estão acontecendo em minha vida. Fazer delas situações de conforto e direcioná-las à um tipo de progressão geométrica evolutiva da minha espécie. O importante é seguir o fluxo, pois ir contra ele é marcar-se de inúmeras chagas, cegar-se e desentender o entendido. E as pedras? Essas pedras dos caminhos, não serão pedras! Mas degrais que nos farão elevar quando delas utilizarmos. São as coincidências que movem a vida, pois a própria vida é uma coincidência!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Desappear

Quarta-Feira, 25 de março de 2009. 22:56.

Há uma calma que eu ainda não alcancei; Eu gastei metade da vida imaginando o que viria em seguida; Eu usei o telescópio; Eu ganharei finalmente; Eu ganharei o prêmio finalmente que agora meus olhos vêem; Um gibi é o perfeito tempo comprimido; Eu sou o líder lutando com tudo; A força esmagadora da memória apagando tudo que eu fui; O ponto de sumiço aparece. DISAPPEAR - R.E.M.

O mundo sempre é pequeno quando não conseguimos nos esconder. Disperso e, ao mesmo tempo, me sinto convertido em um tipo de energia que atrai tudo que esta em volta. É estranho e complexo. Sou como um buraco negro: indefinido. Dou-me conta de que todos os dias acordo num universo totalmente alheio ao que vivo. As cortinas cor laranja. As lâmpadas dos postes atravessando o vidro da janela e a cortina. A sensação de estranhamento. Há sempre um vazio lá fora. Um espaço recheado de luzes sem vida! Luzes amarelas que ofuscam os olhos perdidos em meio à imensidão do nada e o céu escuro e sem estrelas.

Desapareço! Perco-me e não acho. Sento num dos degraus da escada e penetro a imagem de solidão que as telas naturais formam em minha mente. As pinturas são desbotadas! Através daquela cortina e janela está a vida cotidiana. Desapareço! Nas noites a solidão cobre o quarto escuro. A escuridão profunda e caótica ambienta-me ao mundo que jamais tive. O mundo jamais me teve. Ambos não existimos, pois a existência desaparece quando as luzes naturais se acendem a cada manhã.

terça-feira, 24 de março de 2009

Sonhos...

(Às margens da sanidade) Uma luz atravessava a fresta fria e crua da janela. Não eram raios de sol, como acontecia todas a manhãs de verão. O raio de sol atravessava as frestas da janela e aquecia a face mádida. Aquela luz, ao contrário, era alva e brilhava intensamente, sem, contudo, aquecer, como se... como se...? (não sabia dizer!) (Sonho) Sabia que estava sonhando, mas não entendia nada do sonho. A luz ofuscava os olhos, que agora tentavam se abrir. Entrevia-se uma silhueta, aforme. A silhueta escondeu a luz. A sombra então tomou forma. A forma linda e casta de uma mulher. (Metafísica) Mulher estava nua! Os cabelos serpenteavam os braços e o busto. Os lábios desnudos, os olhos firmes e penetrantes. Apenas a luz cobria aquele corpo. A própria luz - ou falta dela - que vestiam o corpo da mulher. A imagem divinal do corpo da mulher cintivala entre as trevas, que tentavam escondê-la. Os olhos, entretanto, já se haviam perdido há tempos naquela sagrada imagem. Podia, inclusive, ver a silhueta da mulher na retina, pois estava ali gravada. Muitas das coisas que tinham significado, não tinham mais. Outras ganharam significado. A existência se tornara necessária. E se soube, naquele momento que a existência de um homem se devia à uma mulher e que só por ela se chegaria a Deus. Nenhuma religião era tão poderosa quanto a ligação íntima havida entre dois corpos que se queimam no fogo da paixão. (o único segredo) Justos consigo são os que se cegam para verem, nas profundezas do mundo, a única beleza: A mulher. O mundo era tão insignificante, e ao mesmo tempo tão glorioso. Só sabem dessa verdade os que reconhecem a mulher como o tesouro mais precioso. E são nos modos, nos comportamentos, nas personalidades que vemos que elas são a única e verdadeira religão a qual se pode chegar plenamente a Deus. (loucura) Voltou do sonho renovado. Adepto de uma nova religião. A religião mulher. Olhava para as mulheres com extrema devoção. Como se os olhos lessem nas curvas e formas de das mulheres orações ou mantras tântricos. Extasiava-se ao olhá-las. Restaurou-se! (vida) Dali por diante, amou a todas as mulheres que existiam. Sucumbia à beleza delas, e as pagava com a mais pura e divinal paixão. Amou-as como ninguém, pois era o jeito mais fácil de se aproximar de Deus.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Outra fase...

Cansei-me daquela rotina de outrora, apenas cansei-me. E cansado ninguém é absoluto.